Paulina Carvajal se despediu de marido, pai, mãe e irmão durante pico da pandemia em Guayaquil.
 Quatro pessoas de uma mesma família morreram por coronavírus em Guayaquil, no Equador, num intervalo de apenas cinco dias.

As mortes aconteceram no fim de março, quando a cidade registrava um dos maiores índices per capita de contágio do mundo, e foram destacadas pela agência EFE na última semana, com um relato emocionante de Paulina Carvajal, de 39 anos, que perdeu os pais, o marido e um de seus irmãos.

Ela própria também foi infectada, mas conseguiu sobreviver. “Se eu não tivesse minhas duas filhas, não teria lutado pela minha vida. Sinceramente, teria deixado que Deus me levasse”, disse ela, à EFE.

Quatro perdas em cinco dias
Esposo de Paulina, Michael González era diabético e teve como primeiro sintoma a dificuldade na respiração no dia 23. Ele chegou a ser medicado e mandado de volta para casa, mas voltou a passar mal na madrugada seguinte, retornando ao hospital já quase sem sinais vitais.

Ao mesmo tempo, o irmão de Paulina socorria o pai dela, Manuel Carvajal, de 77 anos, que tinha 90% dos pulmões inabilitados pelo vírus. No dia 25 de março, o pai e o marido faleceram. “Foi horrível, jamais imaginei algo assim”, contou.

Dias depois, o irmão Marco, de 51 anos, e a mãe Eduviges Ruiz, de 71, também apresentaram sintomas da doença e morreram no dia 30 de março. Quatro mortes pelo mesmo motivo.

Paulina e uma de suas irmãs também foram contagiadas, mas conseguiram se recuperar em casa, sem a necessidade de ir a um hospital ou clínica. Acreditam que isso foi decisivo para a sobrevivência.

Com 17 milhões de habitantes, o Equador registra mais de 37 mil casos confirmados por coronavírus, com mais de 3.200 mortes. Deste número, mais de um terço está na província de Guayas, que tem Guayaquil como capital: são 13,8 mil casos e 1,3 mil mortes. Os números são no Ministério da Saúde do país.

Entre março e abril a cidade viveu um colapso hospitalar e sanitário, com vários corpos tendo sido recolhidos nas ruas. Paulina acredita que as pessoas demoraram para levar a sério a situação. “Muita gente não teve consciência e seguiu saindo, reunindo-se. Como não acontecia nada com eles, pensavam que era tudo mentira”, conta.

Diário da Paraíba com G1

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